quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Testemulho - parte 1

Para quem ainda não sabe, informo que tive uma magnífica alteração profissional. Comunicaram-me numa quarta-feira que na segunda seguinte teria de ir trabalhar para outra organização, dos mesmos proprietários. Era isso ou perder o meu lugar daqui a uns meses.
O argumento para tanto "fogo no cu" (leia-se: tanta pressa) era não haver trabalho suficiente para mim na empresa onde estava, e por outro lado haver muito trabalho (e de execução urgentíssima) na outra organização, por sinal uma escola profissional.
É verdade que já estava farta de estar no outro sítio, mas também é verdade que comecei logo a "panicar" por saber que me iam mandar para um gabinete minúsculo, onde está sempre a entrar gente, e onde de hora a hora se ouvem os miúdos nos intervalos aos berros. Eu estava habituada a um sítio super silencioso e a estar sozinha. Lindo!

Bem, cheguei lá na segunda-feira com as minhas coisinhas e comecei a instalar-me. Por volta das 12h chamaram-me para uma reunião.

Entrei na reunião, muito convencida que iam falar comigo sobre o trabalho a executar (um plano de marketing para a escola). Estava lá um dos donos e a directora pedagógica.
Patrão: - Então, Dr.ª? Pronta para começar o plano de marketing? Quanto tempo demorará, mais ou menos?
Eu: - Se for bem feito, detalhado, com orçamentação, demorará cerca de um mês. [Pensamento: nós já tivemos esta conversa.... Onde é que quer chegar?]
Patrão: - Pois... Nós precisávamos da ajuda da Dr.ª noutra coisa que não tem nada a ver com a sua área.
Eu: - ... Se eu puder ajudar...
Patrão: - Este assunto é hiper confidencial... Ninguém pode saber, não pode comentar com ninguém...
Eu: - ... [Pensamento: Podes contar, Jojó! Não vou por no blog nem nada!]
Patrão: - Sabe, nós sabemos que há aqui uns alunos a consumir droga à volta da escola...
Eu: - ???
Patrão: - E sabemos que há outro a vender...
Eu: - !!!
Patrão: - E queríamos que se "infiltrasse" no meio deles e que tentasse confirmar as nossas suspeitas... Porque ninguém a conhece e a Dr.ª confunde-se facilmente com uma aluna...
Directora pedagógica: - Pois, perfeitamente!
Patrão: - Isto é um elogio!
Eu: - ...
Patrão: - Fuma?
Eu: - Não. [Pensamento: porquê? Queres que vá dar umas passas com eles?]
Patrão: - Então saia antes dos intervalos para falar ao telemóvel ou para tomar café. Vá lá fora passear a ver se os apanha em flagrante. Não faça NADA esta semana!

Pelos vistos era este o trabalho urgentíssimo que queriam que eu fizesse.

2 comentários:

Kat... disse...

Isto é uma piada, certo?!?!!? é demasiado mau para ser verdade!
Cre-do!

Anónimo disse...

A revista Sábado está a efectuar uma reportagem sobre solicitações ou restrições bizarras (por vezes ilegais) impostas pelas entidades patronais, como por exemplo, obrigatoriedade de fazer a barba diariamente, interdição ao consumo de bens que não os da própria empresa, etc, etc.

Muitos de nós já teremos passado por situações em que as entidades patronais além do nosso trabalho, nos exigem muito mais do que devem e podem.

Quem tiver passado por alguma situação em que a entidade para a qual trabalha lhe tenha exigido mais do que o trabalho, agradecemos que contacte a jornalista Lucília Galha através do telefone 93 322 31 02 ou do endereço de correio electrónico luciliagalha@sabado.cofina.pt
A jornalista necessitará falar convosco por telefone, não é necessário o registo de imagens e o testemunho pode ser anónimo!

Mais uma vez, agradecemos a vossa disponibilidade!

Pelo FERVE;